Existem culturas onde o adultério é crime, não sujando apenas a imagem de quem comete a infidelidade, pois o ato é julgado, com sentenças que variam de chicotadas a apedrejamento em praça pública. As mulheres são as que mais sofrem ao praticar esse crime, já que não têm direito a requerer divórcio, são submetidas a casamentos, talvez em condições desgostosas, tendo que dividir seu marido com até cinco esposas.

Uma das penas praticadas aos condenados é o apedrejamento. O condenado é enterrado no chão; nos homens até a altura da cintura, nas mulheres até a altura dos peitos, com os braços presos ao chão. Então recebe pedradas até o óbito, ou conseguir escapar do buraco, o que é raro.
Uma das maiores polêmicas dos últimos dias é, sem dúvida, a situação de Sakineh Mohammadi.

A viúva iraniana que em 2006 foi condenada a pena de morte por apedrejamento, agora recebe apoio de todas as partes do mundo para sua absolvição. São protestos nas principais capitais do planeta, presidentes oferecendo asilo, sites e páginas na
internet apoiando e pedindo pela libertação de Sakineh. Até o atual presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, tentou interferir na pena de morte da iraniana, mas acabou recebendo uma resposta negativa por partes do governo iraniano, sempre rigoroso no cumprimento de suas leis.

A defesa de
Sakineh afirma que ela já não vivia com seu marido há dois anos, quando foi acusada de adultério, mas mesmo assim, qualquer relação com qualquer homem, mesmo sendo viúva, é considerada crime. O Tribunal Supremo Iraniano divulgou estar revendo a condenação da iraniana, mãe de dois filhos. No entanto, enquanto ela não for completamente absolvida, poderá ser apedrejada a qualquer momento. Essa incerteza quanto à liberdade de Sakineh é o fermento que aumenta a repercussão do caso. Um site chamado Free Sakineh foi criado, atualizando diariamente com notícias e recolhendo assinaturas de pessoas que apoiam a libertação da condenada.

O que mais chama atenção no caso Sakineh é a forma violenta como esses crimes são julgados. Como é possível, em pleno século XXI, uma mulher ser morta em praça pública por um adultério? Com certeza dentro da visão da cultura daquele país é perfeitamente normal uma punição como essa, é completamente imperdoável um adultério, mas parando para pensar nessa realidade tão distante do mundo ocidental, não nos parece algo tão primitivo? Será que não há uma forma de impedir esse tipo de acontecimento dentro dessa cultura? Mas e agora que a nossa cultura, que deve ser vista como liberal e, por quê não, sem leis, interferiu diretamente na sobrevivência de Sakineh, estamos fazendo certo? Afinal, por mais primitiva que nos pareça essa atitude, é a maneira que o Irã tem de governar seu povo, é a sua cultura e não deve ser julgada como primitiva apenas por ser diferente da nossa.

Mesmo com toda essa interferência ocidental, que deve estar irritando muito o governo do Irã, fica a minha torcida pela libertação de Sakineh. Aliás, não torço somente por ela e por seu futuro, torço pelo futuro de todas as outras mulheres oprimidas que devem estar acompanhando o caso Sakineh com esperanças de um dia serem felizes de fato. Torço pelo dia em que os crimes não precisem ser solucionados com violência, pelo dia que as mulheres tenham, finalmente, direitos iguais aos homens; seja na cultura que for, na classe social que for, independente de religião, cor da pele, idade ou sobrenome.

1 comentários.:

Thiago Semensatto disse...

é uma pena que ainda existam culturas tão primitivas quanto esta.. acho que só nos resta torcer para que toda essa revolta mundial faça as pessoas abrirem um pouco suas mentes...

é triste.

Abraço
e bom findi!

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