Esses dias assisti um daqueles filmes que não foi exibido em todos os cinemas e passou batido pela maioria das pessoas. Inclusive por mim, pois o filme é de 2006 e só agora que fui assistir.
"Waiting" (lançado no Brasil com o imbatível nome de "A Hora Do Rango"), é pra ser um besteirol estilo American Pie (é até assinado por um dos produtores do mesmo), envolvendo adolescentes, sexo e piadas nojentas. Como era de se esperar, o filme foi parar nas listas de "piores do ano", escritas por aqueles superentendidos de cinema que batem uma pra Brokeback Mountain, deram 11 oscars pro Titatic e gozam com os smurfs crescidos de Avatar. Esses mesmos entendidos que repudiam qualquer humor que não seja "inteligente" (ah, vai nessa) e também têm uma tendência a presentear cantoras pop com troféus framboesa.
O filme resume, em 93 minutos, uma jornada de oito horas de trabalho em um restaurante, onde os funcionários (maioria jovens) tentam vencer o tédio discutindo sobre sexo, zoando a comida dos clientes chatos e fazendo brincadeiras de mostrar o pênis uns para os outros.
Porém, no meio de todo o besteirol temos Dean, um garoto frustrado que trabalha como garçom há 4 anos e se sente um lesado por ter um emprego inútil. Pra variar, ele descobre que um ex-colega de escola está ganhando muito dinheiro no ramo da engenharia elétrica, o que o faz sentir-se ainda mais inútil e temer ainda mais a possibilidade de ter um emprego pouco valorizado pro resto da vida.
Num site sobre cinema vi a seguinte crítica: "o filme é chato, se passa o tempo inteiro no mesmo lugar e não fala sobre a vida dos personagens." Pois bem, o filme mostra a vida desses jovens como ela é. Eles passam boa parte da vida deles dentro de um restaurante, tendo que sorrir pra pessoas estranhas e tentando se divertir o máximo possível pra tirar proveito da situação. É rir pra não chorar.
Acho que me identifiquei com esse filme porque ele se aproxima muito mais da vida real. Não tem frases impactantes, situações constrangedoras improváveis e sequências empolgantes. É apenas a vida como ela é: chata. E esses que acharam o filme chato e deram poucas risadas estão apenas querendo disfarçar a semelhança que o filme tem com o cotidiano, trazendo ainda um garoto preocupado com o futuro, com os rumos que a sua vida está tomando e onde isso tudo vai acabar. E pior ainda [spoiler], trata também da coragem necessária para sair do comodismo e dar um passo arriscado para uma próxima etapa.
1 comentários.:
Não vi, mas agora me deu vontade!
Esse lance de rir pra não chorar e de passar boa parte da vida preso em algum lugar entediante é suuuuper verdade.
Aliás, tô lutando já pra não ser como esse menino garçom aí, que descobre um ex colega num emprego melhor. Isso deve dar uma sensação de desanimo, ou estampar um L bem grande na testa do cara.
:\
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